Volta Redonda realiza seminário sobre pessoas em situação de rua
Mais de 300 pessoas participaram do evento, realizado no auditório da UGB, no Aterrado
Vivendo em calçadas, sob marquises e viadutos, eles são invisíveis tanto para o poder público quanto para quem passa apressado pelas ruas. E estão em população crescente na maioria dos municípios brasileiros.
Em Volta Redonda, o ”I Seminário Municipal Sobre Pessoas em Situação de Rua”, que durou toda a manhã, despertou o interesse de mais de 300 pessoas entre autoridades municipais, estudantes, população, entidades, grupos de ajuda, representantes dos municípios de Resende, Porto Real, Barra Mansa, Quatis, Piraí, Vassouras e Valença, do Conselho Municipal de Assistência Social de Volta Redonda, além de moradores em situação de rua - muitos fazendo uso do Abrigo Seu Nadim e do Quarto de Passagem (locais mantidos pela Smac). ‘O protagonismo das pessoas em situação de rua na política de assistência social em Volta Redonda’ foi o tema do seminário.
O evento, que durou toda a manhã, teve como objetivo discutir com as parcerias, a política pública para esta população de rua. Na plateia estavam presentes representantes dos municípios de Resende, Porto Real, Barra Mansa, Quatis, Piraí, Vassouras e Valença, do Conselho Municipal de Assistência Social de Volta Redonda, além de moradores em situação de rua - muitos fazendo uso do Abrigo Seu Nadim e do Quarto de Passagem (locais mantidos pela Smac).
Não se sabe quantas pessoas em situação de rua existem no Brasil, por que isso é um problema
“Esta é uma oportunidade boa para saber nossos direitos e nossos deveres e também ajudar com a opinião e sugestão de quem está do lado de cá. Espero que saiam novas ideias daqui, que venham nos ajudar, porque nós precisamos ser ouvidos”, disse Bruno Silva de Oliveira, 32, que entre idas e vindas, está há 10 anos na rua.
Bruno soube do seminário pelo Centro Pop – local que proporciona às pessoas em situação de rua higiene pessoal, alimentação, retirada de documentos, contato familiar, atendimento psicossocial e encaminhamentos necessários.
Dentre outros moradores em situação de rua, Adenilton dos Santos Rodrigues, de 32 anos, é um dos assistidos pelo Abrigo Seu Nadim, onde reside há dois anos. Participante da composição da mesa de abertura do evento, é também titular do Comitê Intersetorial que discute a política para as pessoas que estão em situação de rua e viu muita importância nesse primeiro seminário.
O secretário municipal de Ação Comunitária e vice-prefeito, Maycon Abrantes, afirmou que este é o momento preciso para se discutir quais ações devem ser tomadas para a população em situação de rua. “Temos sido muito cobrados pela sociedade para atuar junto a esta população, mas sabemos que ela não é obrigada a sair desta situação e que as ações têm que ser planejadas. Precisamos entender o que levou estas pessoas estarem nestas condições, por isso o dia de hoje é fundamental para este debate”, ressaltou.
“A importância que a cidade deu a este evento e à população de rua foi surpreendente; o próprio nome do evento ser ‘o protagonismo da população de rua’ já é uma virada definitiva quando se fala de política pública . É essa participação efetiva da população de rua que é a chave de todas as cidades do Brasil que avançaram em política”, afirmou Renata Carvalho Rodrigues Souza, representante do Centro de Defesa em Direitos Humanos (CDDH), Núcleo RJ, que se mostrou surpresa com a diversidade da plateia e o tema do evento.
Ações além do poder público
Presentes e atuantes, ONGs, entidades e grupos de ajuda como a Pastoral do Povo em Situação de Rua, voluntários da Igreja São Paulo Apóstulo, no bairro Sessenta, cujos membros se reúdem na igreja todas as sextas-feiras à noite, de onde saem para distribuir em média 90 marmitex, frutos de doação dos fiéis.
A juventude também está presente nessa cruzada do bem. O GAV – Grupo de Amigos Voluntários de Volta Redonda, formada por jovens, alguns ainda estudantes, exerce a cidadania com pequenas atitudes que transformam as vidas de moradores em situação de rua. Na noite do sábado, 18 de agosto, Virna Santos, Úrsula Lacerda, Luciana Camila e Marcos Vinícius dedicaram algumas horas da sua noite para distribuir roupas, calçados, cobertores, alimentos e atenção para os moradores em situação de rua nos bairros Aterrado, Centro, Vila Santa Cecília e na Rodoviária Prefeito Francisco Torres, na Avenida dos Trabalhadores, local de maior concentração, principalmente nos finais de semana.
Formado há mais de dois anos, o GAV-VR se reúne através do WhatsApp para a coleta das doações e, geralmente aos sábados, para as ações de distribuição às pessoas em situação de rua no município.
“São notórias as ações das igrejas e das associações, mas se nós não tivermos a capacidade de ouvir e construir a política pública, nós vamos enxugar gelo. Não somos nós, prefeitura, que temos as melhores ideias. Mas nós as executamos. E não é uma ação do Samuca, do Maycon ou da Smac, é uma ação que deve ficar para Volta Redonda, independente do governo. Através de uma política pública que eu desejo que seja construída aqui, uma política pública para a nossa cidade”, declarou o prefeito Samuca Silva, em seu discurso de abertura.

Carlos DeAraújo
Jornalista
Brasil